Crónicas de longe

Notícias das lonjuras onde me encontro, crónicas e pensamentos de uma portuguesa perdida no mundo (e não só!)

Tuesday, January 23, 2007

WC

Começarei a escrever neste blog com um tema que poderia não suscitar muitas dúvidas: o uso do WC. Serve para sanar algumas necessidades fisiológicas básicas do ser humano, que não refiro por serem demasiado óbvias. No nosso Portugal o equivalente doméstico, a chamada casa-de-banho, contém também todo o equipamento necessário para se poder, tal como o nome indica, tomar-se um merecido, e por vezes necessário, banho. Ora, para um viajante mais ou menos experiente as coisas não serão tão simples assim, e aqui pelo Japão as coisas não funcionam bem da mesma maneira. Não me interpretem mal, o WC continua a ter a mesma função de facilitar e aliviar nas descargas diárias do nosso corpo, mas existe uma ligeira diferença em relação à disposição das cerâmicas. Então, a sanita não se encontra no mesmo compartimento que a parte do banho, provavelmente respondendo a razões que a lógica (e o olfacto) consegue bem abarcar. Calculo que todos já tenham tido experiências menos agradáveis às narinas no que toca ao uso da referida divisão. Como tal, os japoneses pensaram, e bem, "Vamos lá separar esta treta!" e puseram uma parede (fininha, que aqui as paredes parecem de playmobil) entre os dois. De um lado fica uma sanita toda hi-tech (se tiverem a sorte de morar numa casa menos antiga ou com um senhorio menos forreta no que toca a obras), que vos aquece o rabiosque, dá um jactinho de água para as partes mais íntimas do corpo (à frente e atrás), tampo aquecido, quando se puxa o autoclismo os até recentemente indesejados conteúdos do nosso corpo "vão com a onda" mas também é activada uma torneira que se encontra no tampo do mecanismo. Ou seja, a água que usamos para lavar as mãos após o acto de glória é a mesma que vai encher o depósito (engenhoso, não?) e até ouvi dizer que muitos idosos adquiriram o modelo super hi-tech que envia um email ao seu médico com o resultado das análises dos devidos dejectos de cada vez que utilizam a "porcelana", indicando o seu estado de saúde e se a medicação receitada é a mais adequada! Para aqueles que não têm tanta sorte, ou têm um senhorio mais forreta, ou ainda são eles mesmos mais forretas (o que não existe muito por estas bandas, esta gente ADORA consumir) há a versão medieval, uma sanita em cima de um buraco que leva a um depósito onde todos os humores são depositados até que o devido serviço (que se faz cobrar também devidamente) venha recolhê-los com a ajuda de um aspirador específico para o efeito. Se pensarmos bem, esta é a versão WC dos consertos só que aqui não nos dão música! Mas até aqui tenho falado de versões domésticas. Ora, as versões públicas normalmente são algo diferentes. Então, contrapondo aquilo que por aqui é conhecido como estilo ocidental, está a versão que corresponde ao estilo oriental. Não constitui um grande desafio para as mulheres, ao contrário daquilo que a imagem pode fazer supor, até porque aqui toda a gente está habituada a agachar-se, não estivessemos no Japão, e quem não está aprende depressa, à força de tanto querer poupar meias e sapatos dos inevitáveis pingos. Mas para que não haja enganos, cada uma das versões está devidamente identificada, não vá o diabo tecê-las e alguma dama ocidental menos atenta tentar sentar-se "onde não deve"!

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